
Construir uma Universidade de Investigação
ā
Joaquim L. Faria, Maria da Conceição Nogueira e Paula Soares
A Universidade do Porto deve afirmar-se, com ambição e responsabilidade, como uma universidade de investigação de referência, assumindo plenamente a sua missão de produzir conhecimento, formar cidadãos, valorizar socialmente a ciência e cooperar com instituições nacionais e internacionais. Este desígnio exige uma articulação coerente entre a excelência científica, a inovação tecnológica e um modelo de governação participativo, transparente e orientado para o bem comum. A relevância global da U.Porto não se mede apenas pela qualidade do conhecimento que gera, mas também pela forma ética, inclusiva e aberta como o constrói e o coloca ao serviço da sociedade
Apesar dos progressos alcançados — evidenciados por uma produção científica robusta, financiamentos competitivos e parcerias estratégicas —, a U.Porto enfrenta ainda desafios estruturais. É imperativo consolidar carreiras de investigação, assegurando condições estáveis para investigadores dedicados à ciência, ao desenvolvimento e à inovação. A segurança na carreira de investigador, agora consubstanciada em estatuto próprio tem de ser acompanhada por uma revisão da lei orgânica para garantir a equidade dos concursos e a eliminação gradual de posições sem provimento definitivo. Só assim será possível reforçar a capacidade institucional da universidade e garantir a sua liderança no avanço científico, tecnológico e social, à escala nacional e internacional.
Pensamos que o Conselho Geral deve insistir na priorização da qualidade da investigação, mas assente em trabalho digno, desincentivando a precariedade. Deve insistir ainda na promoção da comunicação e colaboração entre diferentes unidades de investigação, fortalecendo a produção de saberes e soluções interdisciplinares, permitindo deste modo a construção de um sentido de pertença forte, enquanto valoriza a colaboração com outras instituições de investigação nacionais e internacionais, fomentando também a internacionalização e o trabalho em rede.
Deve incentivar a ligação à comunidade. A sustentabilidade económica e social de países e regiões está associada à sua capacidade de produzir conhecimento e de o transformar quer em vantagens competitivas, da sua utilização e exploração, quer para melhorar as condições de vida das pessoas e de uma sociedade que se quer mais justa.
ā
É fundamental que o Conselho Geral valorize ainda mais esta missão da U.Porto de modo a que esta se afirme como uma universidade de investigação, em que docentes, investigadores e estudantes estejam envolvidos no processo de criação de saber, na sua articulação com formação de qualidade, e de aprendizagem contínua em condições dignificadas.
O Conselho Geral deve ter por isso uma atitude crítica e de monitorização pró-ativa que possa influenciar decisões estratégicas fundamentais que acabam por reforçar a investigação como área estratégica.
ā